SAPOS FERVIDOS

Segundo estudos biológicos, quando um sapo é colocado num recipiente com a mesma água da lagoa, fica estático durante o tempo em que a água é aquecida até ferver; ou seja, o sapo não reage à mudança do ambiente, ao aumento da temperatura gradual e morre inchado quando a água ferve.
Por outro lado, um sapo, quando jogado no recipiente, porém, com a água já fervendo, tende a saltar imediatamente para fora; ficará meio chamuscado, mas viverá!
O professor Luiz Carlos Cabrera, da Fundação Getúlio Vargas, faz uma analogia deste experimento com o comportamento humano: A Síndrome do Sapo Fervido ocorre quando, diante das mudanças, as pessoas não percebem ou não reagem a elas – permanecem quietinhas esperando o tempo passar ou esperando uma ordem para obedecer. Assim, bons negócios são desativados e pessoas são demitidas após vários toques sutis ou diretos; os diretos têm um nome bonito: feedback ou retro alimentação. O mercado dá feedback, o cliente dá feedback, o líder dá feedback, a psicóloga dá feedback, mas o “sapo” fica ali, sentindo a água esquentar, sem nada fazer!
Outros, diante das transformações e sinais de mudanças, fazem como o sapo que pula: reagem! Reformulam-se rapidinho, saltam para um lugar seguro que, no meu entendimento, é o realinhamento de performance, individual ou corporativo.
Passei por uma experiência interessante, como cliente; fazia compras num estabelecimento comercial onde um choquinho era recebido ao tocar em determinado local. Eu recebi este choquinho muitas vezes; dei um tempo para tomarem uma providência, pois vários clientes sinalizaram o ocorrido; eu me perguntei por que eu estava insistindo em comprar num estabelecimento que me brindava com um inesperado choque! Havia alguma coisa de errado comigo! Parei de esperar “a água esquentar”.
Luiz Carlos Cabrera afirma: “temos vários sapos fervidos por aí, prestes a morrer, porém boiando estáveis e impávidos na água que se aquece a cada minuto”. Elas acreditam que tudo vai passar sem que tenham que fazer absolutamente nada, apoiadas talvez num ponto forte que pode deixar de ser suficiente para mantê-las na posição que estão.
A Síndrome do Sapo Fervido pode afetar tanto colaboradores quanto gestores: ambos acomodados, “boiando” no campo da produtividade, da qualidade ou do mercado. Os clientes? Ah, estes, podem fazer como eu fiz: comprar em outro lugar!

Kátia Ricardi de Abreu, Psicóloga clínica e organizacional, graduada pela PUCCAMP, consultora de empresas, palestrante e escritora