| 
                             
                            FORÇA 
                            
                              
                            
                            “Se o céu que 
                            contemplamos despencar e cair 
                            
                            E a montanha se 
                            desmoronar para o mar 
                            
                            Não vou chorar, não 
                            vou chorar 
                            
                            Não, não vou 
                            derramar uma lágrima 
                            
                            Enquanto você ficar 
                            ao meu lado” 
                            
                            (Versão 
                            de “Stand By Me”) 
                            
                            Compositores: Ben E. 
                            King/Leiber/Stoller 
                            
                            
                              
                            
                            Silvana contempla o 
                            jardim pela janela de seu apartamento, enquanto 
                            relembra o encontro que teve no elevador há poucos 
                            minutos com dona Matilde, a vizinha do segundo 
                            andar. Com um tom de voz forte, enérgico, talvez 
                            adquirido na época em que foi professora de alunos 
                            do ensino fundamental, dona Matilde disse um 
                            monótono “bom dia” para Silvana, que se ofereceu 
                            para ajudá-la a segurar as sacolas de compras. 
                            Mulher de poucos sorrisos, dona Matilde não aceitou 
                            que Silvana a ajudasse. Por que dona Matilde não é 
                            receptiva? – Silvana pergunta para si, intrigada. 
                            
                            Todos no condomínio 
                            sabem que dona Matilde não é de falar de seus 
                            sentimentos para ninguém. Muito menos quer saber dos 
                            sentimentos dos outros. Com os braços cruzados, 
                            expressão facial impassível, fria, a vizinha do 
                            segundo andar tem por hábito terminar suas frases 
                            dizendo: “sem comentários”. 
                            
                            Segundo Kahler, quando 
                            uma pessoa está sob a influência do Compulsor de 
                            conduta “Seja Forte”, evita entrar em contato com 
                            suas próprias emoções e procura não expressar seus 
                            sentimentos, tentando sempre disfarçá-los; é raro 
                            pedir ou aceitar ajuda e tem dificuldades em 
                            estabelecer relações de intimidade. Sua reação 
                            diante das suas emoções e do que se passa ao seu 
                            redor costuma ser carente de sensibilidade, muitas 
                            vezes até parecendo ser desumana. 
                            
                            Os Compulsores de 
                            conduta estabelecem a condição: “você estará OK 
                            se...” e isso os torna negativos. Neste caso, “você 
                            estará OK se você for forte”. É saudável se 
                            fortalecer, porém, isso é diferente de adotar o 
                            Compulsor “Seja Forte”. 
                            
                            Muitas vezes a criança 
                            é reforçada pelos pais a não chorar, não demonstrar 
                            suas emoções, como se isso fosse uma qualidade. E 
                            para continuar a receber carinho e atenção, a 
                            criança leva isso a extremos. Com medo de evidenciar 
                            sua fragilidade e perder o controle de suas emoções, 
                            tenta evitar isso por meio de uma aparente 
                            fortaleza. É assim que surgem as doenças 
                            psicossomáticas, síndrome do pânico e dificuldades 
                            relacionais.  
                            
                            O Permissor 
                            correspondente, para estimular a confiança e 
                            convidar a pessoa a sair deste Compulsor é “cuide de 
                            suas necessidades, é OK estar aberto”. 
                            
                            
                            Você pode mostrar o que sente, compartilhar suas 
                            alegrias e sofrimentos, pode pedir ajuda, permitir 
                            que o protejam sem que isso signifique fraqueza.
                             
                              
                            
                            KÁTIA RICARDI DE 
                            ABREU é Psicóloga graduada pela Pontifícia 
                            Universidade Católica de Campinas, Membro 
                            Certificado Clínico pela ALAT e UNAT, proprietária 
                            da EGO CLÍNICA E CONSULTORIA LTDA. Atende em seu 
                            consultório crianças adolescentes, adultos, idosos, 
                            casais, famílias. Atua em empresas. É palestrante e 
                            escritora 
                               |